terça-feira, 31 de maio de 2011

O Terno

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Depois de tanto nervosismo, P. senta na mesa. Era necessário que pagasse a entrada mínima, de cinco mil. Retira, distraído, o valor do bolso e entra no jogo.  Seu pensamento confuso e oblíquo, confundia-o e aos outros da mesa. Disputava o prêmio maior com profissionais. Pessoas com chapéus de caubói e óculos escuros, cada um com sua mania; superstições que nenhum outro entenderia. O jogo, era complicado.
   Seu comportamento conservador aliado aos pensamentos amorosos que o perturbavam resumiam numa sequência de desistências, demonstrando claramente aos adversários uma fragilidade emocional que dariam-lhes vantagem nas rodadas. P. não conseguia raciocinar. Sabia que a partida resumiria todas as idéias que concentrava na cabeça. precisava de foco. Porém seu receio e sua concentração resultaram jogos de fáceis blefes a seu favor, em pesadas perdas diante do identificável rosto de um sem cartas. O nervosismo se superara diante de seguidos drinques que tomara, tomando forças para continuar.
   A partida prosseguira com o nosso protagonista se mantendo, surpreendentemente, ainda com os pensamentos no ar, ainda com o jogo na mesa. Torna-se incrível quando restam somente ele e mais um adversário, encarando tantos ventos contra sua pessoa. A mão seguinte, é crucial, pois ambos possuem o mesmo montante, se intensifica depois do all-in de ambos. P. com o par menor nas mãos e seu adversário com as duas maiores cartas do baralho, esperam o dealer abrir as cartas. Neste momento, P. avista uma mulher, a bela mulher que o encarara e aguardara desde o início do jogo e que ficara escondida em meio a tantas circunstâncias inexplicáveis. P. descontrolado perde toda a razão e a tensão do jogo, levanta, abdicando de todo o dinheiro na mesa, seguindo o encanto e esquecendo da rodada, sem levar em conta de que abrira na mesa, a trinca vencedora.

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